LITERATURA BRASILEIRA

Poesias, contos, crônicas, novelas, e romances de autoria de Jonas Furtado ganham este espaço para divulgação aos interessados em literatura brasileira, seja de cunho universal, seja de caráter regional no que se refere ao que sonha, sente e pensa o homem. Tais escritos levam os leitores do simples deleite do prazer da leitura a reflexões quase amenas sobre o estar no mundo (oscilando às vezes entre universos possíveis e impossíveis). Venha conosco navegar nas águas de um acontecer poético que nasce.


quarta-feira, 5 de julho de 2017

Trovaçaí


alguém disse que tem gosto
de terra o nosso açaí
é de fora e vira o rosto...
pra as coisas boas daqui.


então faço a minha trova
quem puder, vamos embora
de terra o gosto? É uma ova!
pois não dar apreço agora.
 
ou com peixe ou camarão
adubado com farinha
falo sério, só verão
que não é farofa minha.
 
com ele se faz sorvete
pudim e se faz mingau
se não aprovar, cacete!
de jeito, cara de pau.
 
By Jonas Furtado

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Retinas dos anos 70

Trago no olhar o aroma das ruas de 73
sinto porque vi
sei porque aspirei
 
Revejo no caderno velho
todos os meus poemas
velhice, sandice e novidade pequena
 
De que são feitos os filmes das retinas
os poemas no caderno afiançam-me estas tintas
que em memórias transformei
 
Devo transplantar de suporte - o filme envelhecido
e a alma do poema aparecerá
não mais palpável como a açucena
 
Trago na mente da minha avó o olhar
- sereno pouso nos postes de madeira -
e uma poesia invisível dentro da luz que amei
por Jonas Furtado

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Poema do inverno

faço poema no inverno
as letras, as palavras postas no papel
o papel posto no varal dos sonhos...

o tempo e o vento flamulam-no
se resistir, fica a poesia - alma que dilui as intempéries
roupa com que visto os meus dias
 
faço poema do inverno
os sonhos na chuva pedem sol ameno
ao menos o tempo, meu espaço, segue pirilampo...
 
 
por JONAS FURTADO

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Via Láctea



É assim. Quando a água estiver quase fervendo, acrescenta-se o pó de café, colher a colher, até que a consistência não fique rala ou muito densa; dilua homogeneamente. Acrescenta-se açúcar e mexa leve e longamente.
A imagem formada na superfície do caldo – pedaço do universo antes do filtro.

by Jonas Furtado

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Motivo da caneta

OUTRO ACHADO MEU, DO TEMPO EM QUE ESTAVA TREINANDO SER POETA. RSRSRS - VAMOS LÁ!


Dou-te motivo para escrever...
Esse mundo não pode esquecer
Dou-te motivo para lembrar
Lembar que esse mundo tem que amar


Dou-te motivo para escrever
Existe criança pra crescer
Dou-te motivo até pra cantar
Cantar pra esse mundo, e não calar
 
Minha caneta, pensa já em ser
A vara de condão pra fazer
Vobrar uma alegre canção no ar
 
Dou-te motivo, mesmo a sonhar
E um mundo bem melhor conhecer
E isto eu gostaria de escrever.
(by Jonas Furtado - 1995)

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Uma máquina extraviada de Ponta

Olhava para a máquina de gelo... Que gelo! Um bloco branco a abrasar meu semblante.
Ainda se lembrava do que lera: “A máquina extraviada”, de José J. Veiga. E a mesma necessidade dessa a sua vista – a vista!
Pensou: instalada perto da ponte, ficaria prática a serventia – os barcos aportariam e abasteceriam... O pescado nas geleiras duraria tempo de chegar, de vender, de preparar e de comer... Mas só pensou. Serventia, nada!
Com os momentos se fotografando no disco rígido da história, aquela máquina de gelo, bloco frio pesando no esquecimento, passou a ser monumento erguido a algo que precisamos destacar, sopesando. E que nenhum corrupto venha levar as peças! E que nenhum gigolô destrate a peça de sua serventia! Qual?
_ Mas como?! - indignou-se um.
Sem ela ali, perderemos a identidade. No final, disse, meditando: “A máquina não foi só extraviada; ela extraviou-nos!”.

by Jonas Furtado

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Do coração...

Querendo um barulho...
facilmente ser escrito
fiz dele um embrulho
para ele fazer bonito...


Não é um barulhinho
de mato, folha, capim
por isso o desse embrulhinho
dez-se especial assim:

"Esta caixa que me prende é teu peito
Eu sou o barulho do teu sentimento
Então me descreva com muito jeito

Que aos poucos me levando vai o momento
Este que lhe causou um pensativo feito
Em transcrever-me como nada - então tento"


by Jonas Furtado

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Sem título

Encontrei um poeminha inacabado, dos tempos de escola... Idos dos anos 90.



eu quero ver o mar...
e lá em cima voar
a gaivota feliz
sentindo no nariz


o aroma fresco e bom
levando a um leve tom
o pensamento em mim
de um (a)mar livre ... assim...
 
quero vê-lo encrespado
pelo vento assanhado
brilhando com o sol
...
(...)
by Jonas Furtado

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Feia



_ Ela é feia... Mas as pétalas viçosas me hipnotizam.
_ Não falei que toda flor tem sua beleza, abelhudo!



Copyright by Jonas Furtado
 
 

Imagem: domínio público

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Trovinha



Amar ao próximo é um tesouro
coisa inocente de menino
E se este é seu ancoradouro
então tem sim um dom divino.



Copyright by Jonas Furtado

Imagem: domínio público